Um final Apoteótico - O dia em que vi o Estádio e a Consagração

Depois do desaire a caminho do final apoteótico, hoje venho contar como foi esse final e partilhar mais um pouco do meu benfiquismo convosco.

"Estávamos no 2º fim-de-semana de Maio, era o final da Queima das fitas do Porto. Como estudante que era na altura, não poderia perder uma noite de folia e excessos.

Era a noite de Sexta e nessa noite eu estava mais ansioso do que é normal, eu sabia que domingo ia pela primeira vez na minha vida ao Novo Estádio da Luz. Como se só isso não bastasse, jogava-se um Benfica Rio Ave que iria decidir o campeonato! Que mais podia eu querer para a minha estreia na Catedral?

Nessa noite, deixei o recinto da Queima a ouvir o típico canto dos Portistas. Eles estavam arredados do título, mas a dor por o Benfica estar a um passo do título era tanta que cantavam aquele cântico de puro ódio. Mas fruto de muita ansiedade, alegria e alguma adrenalina provocada por cerveja a mais, eu acompanhei o cântico deles, gritando sem medo e com toda a força que me assistia “Glorioso SLB”, acredito que abafava os 3 ou 4 que estavam há minha volta, pelo menos no dia seguinte estava meio rouco! Alguns dos aziados ao meu redor deveriam de ser Super Dragões tal era a raiva com que me olhavam. Penso que ficaram surpreendidos pela audácia de um Benfiquista gritar pelo seu clube no meio de Portistas.

Como referi acordei no dia seguinte, um Sábado, meio rouco e bastante exausto. Ainda a recuperar da noite anterior e com um bilhete para a última noite de queima no bolso, decidi que não iria usufruir do bilhete, preteri perder o dinheiro, afinal de contas eu tinha de me recuperar plenamente para o grande dia de Domingo!

Acordei nesse Domingo super energético e com a moral e confiança em alta. Para saberem como foi até ao apito inicial do jogo, convido-vos a lerem este post “Um dia fui ao estádio da Luz”. Era um dia bem especial, estava imensamente comovido por ver o estádio, entrar pela primeira vez lá dentro. Saboreei cada momento, observei cada canto desde as escadas, até aos espaços entre as cadeiras. Eu não queria deixar de ver um cm do meu estádio.

A hora do jogo chegou e é impossível descrever a sensação de ver aquele estádio cheio de Benfiquistas que sabem que vão ser campeões. O jogo foi passado a vibrar e a puxar pela equipa. Após o primeiro golo de Tacuara fiquei logo rouco tal foi o grito! Após o segundo fiquei em lágrimas e com a cara pisada, pois o perfeito desconhecido que estava ao meu lado ao festejar o golo, mandou-me uma solha na cara! Mas que se lixe, a alegria e adrenalina era tanta que festejamos na mesma!

Aquele final de jogo foi inesquecível! Eu com a cara a latejar, os meus compinchas de viagem a rirem-se de mim, o speaker a pedir para não invadirem o campo! Sensacional!

Após o apito do árbitro, acho que estádio tremeu, tal foi o frenesim e a festa. Houve fogo, festa e mais festa.

Fui jantar ao Colombo e foi com espanto que vi pessoal a correr e a deslizar pelo chão do shopping, como se eles mesmos tivessem marcado os golos da vitória. No metro para o Marquês a policia bloqueava a multidão, para tentar organizar a entrada no metro e só se ouvia “Deixem passar o maior de Portugal”. Chegado ao Marquês, confesso que bloqueei completamente! Ali tive a real noção da grandeza do meu clube! Uma praça gigante como a do Marquês do Pombal, completamente cheia! Vi a camioneta com os nossos heróis a chegarem e depois tive de vir embora, no dia seguinte acordava cedo para trabalhar!

Pelo caminho ouvia-se falar de distúrbios no Porto e em Braga! O Braga andava a festejar o 2º lugar (até se entende) e o Porto o 3º lugar (tb se entende, são pequeninos).

Eu sempre ouvi falar que o Benfica era realmente grande, sabia que havia adeptos por todo o país, sabia que enchiam as praças todas e que o país parava! Mas o que vi neste dia em Lisboa, deixou-me estupefacto! Que grandeza, a praça do Marquês é 2 ou 3 dos Aliados ou da Av. Da Boavista e estava completamente cheia, o máximo que tinha visto era a Av. da Boavista cheia e achei fantástico!

Outra coisa me marcou profundamente. Durante os festejos não ouvi um único cântico de insulto ou referência aos nossos adversários! Era tudo alegria, éramos apenas nós ali, era tudo nosso! Percebi o que era ser Grande, ser Glorioso!" Rederx